JOÃO CARLOS MAUGER
( Goiás – Brasil )
J. Mauger poeta e compositor. Goiano, estudou música em Paris e Comunicação na Universidade de Brasília – UnB. Reside em Brasília.
Tradutor e intérprete, traduziu vários trabalhos científicos do Inglês para o Português, entre eles “Gosseiguen” de Sukuinushisama.
Como autor, sempre voltado para a ecologia e natureza, além de poesia e artigos nas revistas “O Meio Homem”.
POEMAS & POETAS I – Coordenação Editorial: Artur Rodrigues. Rio de Janeiro: Litteris Editora Ltda, 1989. 118 . 14 x 21 cm.
Ex. doado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito.
TERRA
Na amplidão do espaço
Há lugar para todo sonho,
Planetas, asteróides, nebulosas e meteoritos
Dimensões, estrelas, quasars.
Dizem até que mundos espirituais cheios de almas.
Há até lugar para uma certa terra,
planeta ovoide, rico em cor e em flor
cheio do precioso néctar da vida.
Precioso néctar que a cada dia se esvai no esgoto da
presunção humana,
Esta tal terra abriga mil forma de seres
mil tipo de flores, mil cores de cores.
Abriga também mil tipos de gente,
gente que sente, gente que chora, gente que vive, gente que morre
gente que sonha, gente que dança, gente que mata, gente
que planta,
gente que tanta que as vezes não é gente,
É fera de duas pernas que anda ereta e demente
É besta sem pata, mas mata com as mãos.
Essa terra tem tanta beleza
que nem a mais bela música, nem o mais sublime poema
descrevem com exatidão
Esta terra tem segredos doa anos bilhões, dos povos anões,
mil civilizações que o néctar da vida permitiu.
Esta terra, na amplidão do espaço está doente
está suja e poluída. Um ser covarde a destrói e a tudo que
nela habita. O terror deste tirano não respeita o perfume das
flores nem das borboletas as cores. A pureza da água e a
virgindade
da floresta roubadas fora. Restou o veneno menstrual
radioativo e a crosta desnudada de sua capa de ozônio,
Na amplidão do espaço
quantas terras tão belas haverão?
Quantas terras tão cheias de mares,
tão cheias de seres, semente e pores do sol haverão?
Quantas terras tão belas para um tirano destruir?
Afinal ela é apenas uma esfera ovóide de terra cheira
de minhocas e lama.
Sua distância do sol não a queima nem a gela,
Suas estações apenas produzem lindas paisagens diferentes.
Seu colo apenas abriga a vida.
O seu céu é apenas o vislumbre das estrelas.
Bah! Quem se importa com ela?
Se esta terra estragar-se, certamente a fábrica de terras
fará outras. Nem que isso leve bilhões de anos.
*
VEJA e LEIA outros poetas de GOIÁS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html
Página publicada em março de 2022
|